quarta-feira, junho 21, 2006

"Arquitectura" por Jesús Castañón



“Na arte interessa-me mais a vivência do que a cultura”

George Baselitz

O simbolismo da cor é dos mais universalmente conhecidos e conscientemente utilizados, na liturgia, heráldica, alquimia, arte e literatura. A coordenação das cores com as funções psíquicas respectivas, mudam em presença das diferentes culturas e sociedades e inclusive entre as próprias pessoas. Os psicólogos demonstram que todo o homem possui uma escala de cores própria e que através delas podem expressar o seu estado de espírito, o seu próprio temperamento, a sua imaginação e os seus sentimentos. Por outro lado, encontra-se também provado que o homem é influenciado pelas cores em todo o seu ser. Assim, haverá que ter sempre em conta que por muito importantes que sejam as relações entre sensação e cor, estas serão sempre pessoais e subjectivas.

Permito-me citar este breve apontamento sobre a simbologia da cor, uma vez que ao depararmo-nos com a obra de J. Castañón se podem apreciar estas conexões entre cor, forma e a percepção sensorial que a cada pessoa provocam estas composições.

A intensidade da cor vermelha na obra deste artista asturiano é uma constante. O vermelho é uma cor que parece sair ao nosso encontro, adequado para expressar a alegria entusiasta e comunicativa que transmitem estas pinturas e esculturas cerâmicas. Obras de sugestivas formas arquitectónicas subjugam-nos com a força da sua cor e a sensibilidade das suas estruturas. Perfurações, incisões, espaços vazios e elementos sobrepostos, destas construções arquetípicas que se encontram banhadas por desenhos, rasgos, texturas que o verniz de cádmio selénio produzem na sua lenta fluidez no calor do forno.

A paixão com que J. Castañón executa o seu trabalho, reflecte-se nestas obras de enigmáticas aberturas e fortes contrastes, um processo aparentemente simples mas, na realidade, de grande técnica, mesmo que a sua visão se reporte ao vivencial, na incisão espontânea e imprevisível sobre o barro, quem sabe será esta a visão de uma criança que brinca com a força da cor e das formas puras.

Xavier Vich

sexta-feira, junho 09, 2006

A oficina das crianças



Outro dos momentos altos do "II Encontro..." foi, sem dúvida, a criação de uma oficina/atelier de cerâmica para as crianças. Assim, estas, com a orientação da escultora Carla Capela (à esquerda na imagem) puderam familiarizar-se e começar a sua aprendizagem no fascinante mundo da cerâmica. A adesão foi imediata. Podemos dizer que foram lançadas as bases para que a tradição cerâmica se possa implementar em Boassas. Os momentos de confraternização também tiveram lugar. No fim ficou um painel com o mapa da aldeia e os seus locais de visita mais importantes, mas sobretudo ficou a amizade e seguramente muitas saudades...